terça-feira, 11 de novembro de 2008

O embuste Magalhães!

Decidiram chamar “Magalhães” ao computador portátil para a pequenada.
Aparentemente, tudo bem.
Mas, ficam-me duas questões que ainda não vi respondidas:
1 – Por que razão houvera de ser Magalhães o seu nome?
2 – Trata-se de um brinquedo ou de uma ferramenta escolar?
Se alguém tivesse a generosidade de me explicar, como se eu fosse a mais néscia pessoa do planeta e brindada com o mais áureo cabelo, muito grato ficaria pela deferência.
É que, começando pelo nome, a meu ver, não podia ser mais infeliz.
Magalhães (o Fernão, claro) foi um traidor da Pátria. Concebeu um plano para que a Espanha atingisse a Índia pelo Ocidente, por mares que, pelo Tratado de Tordesilhas, eram domínio espanhol.
Mas, pior ainda, consta-se que o projecto englobava a ideia de “provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano.” Ou seja, o dito Magalhães pretendia provar que o esforço Luso foi em vão, porque estávamos a explorar algo que não nos pertencia.
Que sacratíssima integridade e lisura! Que patriotismo! Que dignidade!

Quando D. Manuel (O Venturoso, claro!), soube dos propósitos do renegado português, esforçou-se para que ele “retornasse à pátria, a troco de honrarias e aumento de tença”. Em vão tentou o monarca dissuadir o traidor que, armado em sério, se escusou “na palavra dada ao rei espanhol”. Assim partiu, em 20/09/1519, ao serviço de um monarca estrangeiro, traindo o seu povo.

Há, porém, quem desculpe tais actos, fundando-se em conjecturas enviesadas que desaguam numa suposta espionagem.
Desculpas, digo eu!!!
A verdade é que se trata de um requintado traidor da Pátria Lusa.
Não me agrada, nem por tais entremezes, a glorificação de um traidor. Muito menos entendo tal acto como dignificante para ao meu país.
Daí que, propalar o seu nome aos quatro ventos, como se fosse um digno filho da Pátria, é um indesculpável erro grosseiro, a menos que saia de mente de um outro aldrabão, de um outro traidor, de um outro mentiroso.
Será uma brincadeira ou uma ferramenta de trabalho?
Espero que, com toda a sinceridade, seja a penas um brinquedo.
É que, é indispensável que as crianças treinem a escrita (a caligrafia e a ortografia), o raciocínio lógico, a cálculo, a leitura, o desenho manual, a pesquisa… etc.
É necessário que convivam, que brinquem em grupo, que tropecem, que corram, que rasguem as calças, que se empurrem, que se abracem, que discutam e façam as pazes… que vivam como crianças!
Uma infinidade de coisas que, a perderem-se, originarão uma sociedade de solitários “dependentes tecnológicos”, verdadeiramente alienados e analfabetos.
Fico sem resposta. Mas, entretanto, germinaram mais umas perguntas:
Se há dinheiro para dar Magalhães, por que se fecham escola com 20 alunos?
Por que razão têm de ser os pais a custear o papel de fotocópia que a escola gasta?

Que safardolas desavergonhice tomou conta do meu país!Este alfobre de impropérios, onde fecunda a crua desonra, cultiva coisas estranhas:

- O culto alarve dos renegados contrasta com o tumular esquecimentos dos verdadeiros heróis que, eclipsados pela magra camada de uma fluida cultura (mais circunstancial do que providencial), foram destronados pela "euro-estupidez", na razão directa do quadrado da ignorância dos políticos;

- A apóstata hipocrisia do culto do ateísmo pardacento, dito “estado laico”, deixa reluzir pelo diáfano verniz que cobre o ódio, contido mas não domado, a tudo o que é rectidão de princípios e valores, em detrimento da “porcalhice”, da promiscuidade e da falta de lisura;

- O cimentar de uma atitude de irresponsabilidade, de escassez de empenho, de ausência “competitividade” de saberes, ou de falta do simples gosto pelo saber fazer e saber ser.
Pois bem!
Se a ideia é esborrachar a nossa cultura, crivando-a de implantes com laivos de estupidez, de ignorância, de palermice e do mais hediondo logro do progresso… não aposto que não estejam no caminho certo.
Alguém que evoca o nome de uma peça histórica deste quilate, é tão bom quno ele!
Já agora, tratando-se de um embuste, em vez de Magalhães, porque não chamar-se, simplesmente: “político”!?

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