quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A vernácula hipocrisia dos ateus maçónico–republicanos - I


Num blog de militantes ateus republicanos, tem-se discutido sobre as “virtudes” (?) da primeira república.

Não sou republicano, mas sou obrigado a viver num sistema republicano. Doutra forma nem comentaria.

Azeda-me a disposição cada vez que ouço elogiar alguns dos mais abomináveis, iníquos e repugnantes princípios defendidos na primeira república, bem como os seus imbecis inspiradores, hoje tratados por figuras históricas.

A primeira república foi pasto fértil das maiores alarvidades, de um enorme desvario social, onde se permitiram infindos crimes sem castigo, ora acalentados pelos “heróis”, hora instigados pela falta de cultura das hordas republicanas.

Entre as mais ilustres estampas de tão nebulosos tempos, conta-se um tal Afonso Costa.
Esta sublime figura será mesmo um dos defensores dos mais abjectos pensamentos do século XX, como por exemplo o nazismo.
Já lá vamos.

Vêm hoje os republicanos de pescoço erguido, armados em protectores da igualdade, da liberdade, do respeito pelos direitos humanos, coisas que não estavam presentes nas práticas do ideário republicano.

O dito Costa, dizia que “o republicanismo é uma qualidade masculina”. As mulheres eram tratadas com a mais desprezível inferioridade. Eram
, até, donos de uma certa aversão à liberdade da mulher, a que apelidavam de “almas simples”.
Nem focaria este facto, não fossem alguns comentários indecentes de alguns ateus republicanos a propósito das palavras fortes de D. José Policarpo.
O Cardeal Patriarca de Lisboa falava sobre o casamento de mulher ocidentais e islâmicos. Sem qualquer razão, lá vieram os ateus republicanos armar-se em defensores da mulher, pontos a apedrejar a Igreja.
E que tal se olhassem para a filosofia da primeira república e do Estado Novo (tudo república igual)?

Adiante.
O nosso republicanismo tinha na sua génese o triunfo das ideias marxistas (Afonso Costa era marxista), mas sobre tudo tinha por base a ascensão de uma máfia perigosíssima que ainda hoje mina os meandros do poder – a maçonaria.

Daí o seu notório anti clericalismo.
Para estabelecer a república valia tudo. Não porque a intenção fosse a mudança (Sampaio Bruno dizia: “tudo fica igual, se não pior”), mas porque era preciso ajavardar para tomar o poder, ou legitimar algumas medidas.

A maçonaria viu na estrutura da Igreja o único verdadeiro inimigo, já que, esclarecido e avisado, saberia opor-se os seus energúmenos ideais com toda a facilidade, ao contrário de uma população analfabeta e facilmente manipulável, cujo único folgo de conhecimento era dado pela Igreja.

A “catequese” republicana, dos muitos comícios que faziam, parece funcionar como o recrutamento iniciático à “filosofia” maçónica.

A maçonaria havia reconhecido, até pouco tempo antes, a existência do “Supremo Arquitecto do Universo”. Mas, por desavenças com a estrutura da Igreja viria a declarar-se “livre pensadora de essência”, o que dava imenso jeito ao movimento republicano.

Assim começou um dos capítulos mais negros da História do meu país.

Adubados pelo veneno da maçonaria, cedo começou a perseguição dos republicanos aos religiosos e crentes: os padres eram insultados publicamente, jornais católicos apedrejados, etc., assaltos a conventos, profanação de locais de culto… tudo impunemente.
Assim começaram a “institucionalizar-se” as arruaças, pilhagens e “quase linchamentos” públicos de muitos religiosos, sobretudo jesuítas, cultivados pela maçonaria/república. Muitos destes actos criminosos feitos com a complacência, (se não a supervisão) do dito Costa.

A parte mais negra da história começa com as ideias que antecipam aquilo que viria a acontecer mais tarde na Alemanha nazi.
Miguel Bombarda (outro herói importante!) defendia, em escritos vários, "a deportação de todos os jesuítas para uma ilha deserta"; criou a ideia de uma “raça degenerada” jesuítica, que ele achava inferior e que deveria ser eliminada.
Muitos são os documentos onde vemos os jesuítas a serem enxovalhados, a ser medido o seu crânio (para atestar que era um degenerado), ou a serem conduzidos sob escolta pelas ruas – coisas que a Europa só veria com anti-semitismo nazi, vinte e tal anos depois.
Enfim… coisas dos nossos pioneiros republicanos.

Foi nesse contexto que nasceu a “lei de separação”, publicada a 20 de Abril de 1911, e ainda hoje defendida por alguns republicanos, sobretudo pelos ICAR (Insolentes e Contraculturais Ateus Republicanos).
Cont.
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Imagem: "deportação tipo nazi durante a primeira república" - jesuitas escultados por militares, até ao comboio que os levará para fora do país. [Há, ainda hoje, ateus republicanos a defender isto!!!]
(Ilustração Portugueza 1910 - 2º Volume, p.614)
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