terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ateus, não!... Palermas armados em ateus!!!

Num daqueles blogs de conversa pouco recomendável, eivados pela falta de decência, pela contracultura e pelo ódio que caracteriza os pobres ateus, lia-se, a propósito das palavras de D. António Marto (Bispo de Leiria e Fátima), a seguinte frase:

«(…) porta-vozes da igreja a meter o bedelho em assuntos para os quais não são chamados»


D. António Marto falava sobre as raízes escandalosas da “crise” financeira, num momento em que o sr. cardeal de Villnius (Lituânia) – D. Audrys Backis, estava em Fátima.

Vê-se que o dito bloguista desconhece o papel da Igreja.
É que, falar do escândalos, da indecência e da verdadeira roubalheira que são salários (e as mordomias) dos gestores (sobretudo dos públicos), bem como do indecoroso comportamento das empresas financeiras, é, precisamente, o papel da Igreja.
Esse é, até, o seu dever e a sua obrigação. Tal facto nada tem de “político”. É, isso sim, um problema social, cultural, moral e ético.

Na verdade, “os padres de aldeia” falam sobre quase tudo, porque tem esse dever moral, social e religioso. De resto, têm a obrigação de se munir dos meios, da informação exacta, séria, actualizada e honesta, por forma a serem os porta-vozes da dignidade, do decoro da honestidade e da rectidão de condutas sociais. Todo o católico que não denuncia tais atropelos à dignidade humana, é um falsário, um charlatão e co-autor (por omissão) de tais actos.
De resto, os membros da Igreja são (e têm obrigação de o ser) os mais atentamente cultos e esclarecidos membros da sociedade, e os únicos com autoridade doutrinal para falar em assuntos de ética, moral, rectidão e justiça social

Vê-se que o dito bloguista desconhece o papel social das instituições da Igreja, tal como nada sabe da Igreja como instituição empregadora (portanto, como fonte de redistribuição de recursos económicos).

Eu sei que, quando se desconhece em absoluto um destes assuntos, é muito fácil partir para o comentário provocador, injusto, infundado e até injurioso.

A Igreja não força ninguém a contribuir com as suas dádivas.

O que eu acho indecente e escandaloso, é que alguém teça comentários, completamente descabidos, sobre os recursos económicos da Igreja. Se o comentador é “contribuinte” líquido, não contribua (para que tais actos não recaiam sobre o seu dinheiro), e portanto não terá razão de queixa; se não é “contribuinte” líquido, nada tem a ver com a forma como alguém gasta aquilo que lhe não pertence. Tais comentários denunciam a mais baixa e infame inveja, a que se junta um esquálido e repugnante ódio.

Se a Igreja peca em alguma coisa, é no facto de ser pouco “interventiva” e denunciante das injustiças sociais.

Os membros da Igreja têm que ser mais incómodos, mais incisivos, mais precisos e actuantes, na denúncia e na alerta das consciências (infelizmente adormecidas) de uma sociedade demasiado conformista e pacata, frente a tantas desigualdades, tantas injustiças e tanta regressão social, civilizacional e cultural.

Todos os dias vemos um dilúvio de disparates, de palermices, de baboseiras (nos actos e nas palavras), que geram uma onda de peçonhento retrocesso ao nível dos valores, das práticas sociais, culturais e da justiça e sanidade civilizacional.

Bem-haja, D. António Marto!


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